Felipe Santos
Graciele Santos Palvesk
Isabel M T Oliveira
Santana
Priscila Fonseca Merise
O tema de reflexão
neste texto será uma ligação entre teoria e prática na educação proposta por
Paulo Freire.
A proposta educativa de
FREIRE, de (1996) vai ao encontro de organização de um ajuste entre teoria e
prática, apresentada como práxis pedagógicas (conduta ou ação que corresponde a
uma atividade prática em oposição à teoria).Pensar a educação, na performance
da prática na atualidade, continua sendo um dos grandes desafios enfrentados
pelos educadores/as em sala de aula.
Precisamos arriscar-nos
nos espaços de formação, melhorando a capacidade de transformação social,
desenvolvimento intelectual, constituição social, desenvolvimento intelectual,
constituição de relações e construção de conhecimento, bem como a cidadania dos
diversos atores sociais.
“Esse saber
didático, enquanto saber de mediação, trata de princípios, essencialmente
metodológicos, do processo pedagógico escolar – ensino - entendidos à luz do
estreito relacionamento entre conteúdo e forma, no contexto das condições
concretas do trabalho didático, o qual possui sua expressão nuclear na sala de
aula”. (OLIVEIRA, 1993: 133)
É um engano pensarmos
numa sociedade globalizada/globalizante, alicerçada em princípios solipsistas
(concepção de que além de nós, só existem as nossas experiências) e
individuais, considerando que o coletivo provoca discussões, análises, sínteses
sobre uma determinada realidade que, por sua vez alimenta o espírito
transformador comunitário.
Este processo planeja,
conduz a reorienta conceitos de mudanças pessoais e de grupos, de forma
integrada, trazendo a possibilidade de entendimento e transformação.
“... do
aprendido, transformando-o em apreendido, com o que pode, por isso mesmo reinventá-lo
; aquele que é capaz de aplicar o aprendido – apreendido a situações
existenciais concretas. Pelo contrário, aquele que é enchido por outros, de
conteúdos cuja inteligência não percebe, de conteúdos que contradizem a própria
forma de estar em seu mundo, sem que seja desafiado, não aprende.” (FREIRE,
1975: 27 e 28).
A
RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA: A PRÁXIS PEDAGÓGICA
Nossa abordagem sobre a
relação teoria e prática percorre o compromisso existente dos sujeitos na
construção de saberes e com a transformação da sociedade. Dentro do processo
pedagógico, teoria e prática precisam dialogar permanentemente, fugindo da
ideia tradicional de que o saber está somente na teoria, construído distante ou
separado da ação/prática.
Na
concepção de Freire, teoria e prática são inseparáveis tornando-se, por meio de
sua relação, práxis autêntica, que possibilita aos sujeitos reflexão sobre a
ação, proporcionando educação para a liberdade. “A práxis, porém, é reflexão e
ação dos homens sobre o mundo para transformá-lo. Sem ela, é impossível a
superação da contradição opressor-oprimido” (FREIRE, 1987, p. 38).
A
palavra verdadeira é práxis, energia e realização da vocação para um ser mais
humano (vocação ontológica), seu objetivo é a transformação do mundo.
Este
é um processo que envolve uma reação entre que o que se pensa, o que diz e o
que se faz, sendo este um ato coerente de aproximação do que pensamos, dizemos
e fazemos.
A formação crítica deve
viver plenamente a práxis, a partir de uma reflexão que ajuda o educando/a
pensar de forma ordenada, com isso, supera o conhecimento ingênuo e passa para
um olhar racional da realidade, este é o objetivo da práxis pedagógica, a
formação de consciência crítica. Na Pedagogia do Oprimido, o desenvolvimento de
ação reflexivo-crítica é essencial.
“A
libertação, por isto, é um parto. E um parto doloroso. O homem que nasce deste
parto é um homem novo que só é viável na e pela, superação da contradição
opressores-oprimidos, que é a libertação de todos.”. (FREIRE, PEDAGOGIA DO
OPRIMIDO, 1987, p. 19).
Pensar de forma
ordenada é entender os diferentes tipos de pensamentos. Não há uma única forma
correta de se pensar o que entendemos e necessitamos aprender esses diferentes
tipos de pensamentos para compreendermos melhor o processo das nossas ideias e
também das ideias dos outros. É ser capaz de realizar um impacto positivo na
sociedade.
A educação em duas
estruturas precisa ter grandeza e igualdade, pois a ação pedagógica envolve pessoas,
este ato social humano é surpreendente pela diversidade de subjetividade.
Faz-se necessário uma
nova visão de sociedade, um pensamento que veja o mundo como um todo, que
entenda sua conexão, sua unidade, sua continuidade, sua renovação.
“A
violência dos opressores que os faz também desumanizados, não instaura uma
outra vocação – a do ser menos. Como distorção do ser mais, o ser menos leva os
oprimidos, cedo ou tarde, a lutar contra quem o fez menos”.(FREIRE, PEDAGOGIA
DO OPRIMIDO, 1987, p. 16).
O processo pedagógico
da práxis, para além de produzir conhecimento, conduz educador/a e educando/a
tornarem-se permanentes pesquisadores/as, movimentando-se numa pedagogia que
investiga, transforma e educa, investindo em uma formação de caráter
permanente/continuado.
É um processo que exige
flexibilidade do educador/educando, pois os conteúdos fixos dão lugar a
processos abertos de pesquisa e comunicação. É a construção do saber através de
um ensino interativo.
É fundamental a
importância da participação ativa da comunicação educacional, o conjunto
educacional (coordenador, educador, educando, pai, mãe, entre outros) se
constitui a partir de um método participativo, que serve de linha orientadora
de como os sujeitos estão direta ou indiretamente envolvidos e são responsáveis
na formação de outrem.
A
PRÁXIS PEDAGÓGICA E EPISTEMOLOGIA: O COMPROMISSO ÉTICO
A práxis deve ser
compromisso ético.
A ética deve visar o
bem comum, no seu mais amplo sentido, conciliando interesses individuais como os
interesses sociais, estabelecendo assim, o bem comum. Não temos como separar a
conscientização ética da alfabetização.
Ambas são
interdependentes e o sujeito, ao mesmo tempo em que se alfabetiza, está sendo
conscientizado para a execução de uma teoria ou prática libertadora.
O método de
alfabetização, de autorreflexão e a epistemologia provoca no sujeito mudança.
Esta ação visa atender o interesse da autonomia e emancipação de cada sujeito,
o que significa ser livre de um sistema que oprime.
A educação precisa
alimentar a consciência crítica na busca pela emancipação.
Mediante o exercício de
pensar criticamente, possibilita um processo de transformação e de novas
direções, novos sentidos, novos espaços. O sujeito conscientizado pelo processo
educativo assume com a transformação da realidade a própria busca pela
liberdade.
[...] o processo
de alfabetização política – como o processo linguístico – pode ser uma prática
para a “domesticação dos homens”, ou uma prática para sua libertação. [...] Daí
uma ação desumanizante, de um lado, e um esforço de humanização, de outro. p.
27.(FREIRE, CONSCIENTIZAÇÃO: TEORIA E
PRÁTICA DA LIBERTAÇÃO, 1979, p. 27).
Como não há homem sem
mundo, nem mundo sem o homem, também não pode haver reflexão e ação fora da
relação homem-mundo.
Isso implica mundo e
consciência. E a proposta do diálogo, do cotidiano e do partículas das pessoas.
E o transformar das suas realidades.
Pensar
metodologicamente as afeições freireanas remete-nos diretamente a uma tomada de
consciência e busca incansável pela formação de conhecimento crítico.
Um conhecimento que
defenda nossas opiniões com argumentos claros.
Ensinar não é
transferir ou depositar conhecimento.
Saber que
ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria
produção ou a sua construção. Quando entro em uma sala de aula devo estar sendo
um ser aberto a indagações, à curiosidade, às perguntas dos alunos, a suas
inibições, um ser crítico e inquiridor, inquieto em face da tarefa que tenho -
a ele ensinar e não a de transferir conhecimento. (FREIRE, PEDAGOGIA DA
AUTONOMIA, 1997, p. 16).
Ato de ensinar não se
baseia pelo fato de apresentarmos algo à alguém. Não quer dizer transferência,
mas possibilidade de experiências de vida, diferentes do professor soberano e
dono do saber.
Educar é um caminho de
mão dupla, pois todos temos algo a dar e a receber, reconhecendo que estamos em
permanente processo de formação, favorecendo assim, a troca de experiências e
de conhecimento.
Etapas do método: Paulo
Freire
- Etapa
de Investigação: busca conjunta entre
professor e aluno das palavras e temas mais significativos da vida do
aluno, dentro de seu universo vocabular e da comunidade onde ele vive.
- Etapa
de Tematização: momento da tomada de
consciência do mundo, através da análise dos significados sociais dos
temas e palavras.
- Etapa
de Problematização: etapa em que o professor
desafia e inspira o aluno a superar a visão mágica e acrítica do mundo,
para uma postura conscientizada.
O
método
As palavras geradoras:
o processo proposto por Paulo Freire inicia-se pelo levantamento do universo
vocabular dos alunos. Através de conversas informais, o educador observa os
vocábulos mais usados pelos alunos e a comunidade, e assimseleciona as
palavras que servirão de base para as lições. A quantidade de palavras
geradoras pode variar entre 18 a 23 palavras, aproximadamente. Depois de
composto o universo das palavras geradoras, apresenta-se elas em cartazes com
imagens. Então, nos círculos de cultura inicia-se uma discussão para significá-las
na realidade daquela turma.
A silabação:
uma vez identificadas, cada palavra geradora passa a ser estudada através da
divisão silábica, semelhantemente ao método tradicional. Cada sílaba se
desdobra em sua respectiva família silábica, com a mudança da vogal. ( i.e.,
BA-BE-BI-BO-BU)
As palavras novas:
o passo seguinte é a formação de palavras novas. Usando as famílias silábicas
agora conhecidas, o grupo forma palavras novas.
A conscientização:
um ponto fundamental do método é a discussão sobre os diversos temas surgidos a
partir das palavras geradoras. Para Paulo Freire, alfabetizar não pode se
restringir aos processos de codificação e decodificação. Dessa forma, o
objetivo da alfabetização de adultos é promover a conscientização acerca dos problemas
cotidianos, a compreensão do mundo e o conhecimento da realidade social.
As fases de aplicação do método
Freire propõe a aplicação de seu método
nas cinco fases seguintes:
1ª
fase: Levantamento do universo vocabular do grupo.
Nessa fase ocorrem as interações de aproximação e conhecimento mútuo, bem como
a anotação das palavras da linguagem dos membros do grupo, respeitando seu
linguajar típico.
2ª
fase: Escolha das palavras selecionadas, seguindo os
critérios de riqueza fonética, dificuldades fonéticas -
numa sequência gradativa das mais simples para as mais complexas, do
comprometimento pragmático da palavra na realidade social, cultural, política
do grupo e/ou sua comunidade.
3ª
fase: Criação de situações existenciais
características do grupo. Trata-se de situações inseridas na realidade local,
que devem ser discutidas com o intuito de abrir perspectivas para a análise
crítica consciente de problemas locais, regionais e nacionais.
4ª
fase: Criação das fichas-roteiro que funcionam como
roteiro para os debates, asquais deverão servir como subsídios, sem no entanto
seguir uma prescrição rígida.
5ª
fase: Criação de fichas de palavras para a
decomposição das famílias fonéticas correspondentes às palavras geradoras.
REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia:
saberes necessários à prática educativa. 43. ed., São Paulo: Paz e Terra,
2011.
.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido.
11ª Edição. Editora Paz e Terra. Rio de Janeiro, 1987..
FREIRE, Paulo. Conscientização:
Teoria e Prática da Libertação - Uma introdução ao pensamento de Paulo Freire.
São Paulo: Cortez & Moraes, 1979.
Paulo Freire: sua visão de mundo, de
homem e de sociedade/Alder Júlio Ferreira Calado. Caruaru: FAFICA 2001.